sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Copom prevê queda da inflação no último trimestre de 2011

O cenário prospectivo para a inflação no país acumulou sinais favoráveis. A informação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), realizada nos dias 30 e 31 de agosto, quando foi decidido reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual para 12% ao ano. A decisão surpreendeu o mercado financeiro, que esperava por manutenção da taxa.

Na ata, o Copom prevê que “neste trimestre encerra o ciclo de elevação da inflação acumulada em 12 meses”. A partir do quarto trimestre, a tendência de inflação em 12 meses é declinante, com deslocamento para a direção da trajetória de metas, que tem centro de 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo a ata, no último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, “a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos, mas as evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram os efeitos diretos desses choques”.

“Também foram relevantes os efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostra sinais de reversão”. Mas o Copom acrescenta que esses efeitos de reajuste de preços administrados ainda devem impactar indiretamente os preços ao consumidor.

O comitê também avalia como “relevantes, embora decrescentes, os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda”, o que leva ao aumento da inflação.

Um dos riscos, segundo a ata, é “a possibilidade de concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação”. Por outro lado, para o Copom, o nível de utilização da capacidade instalada tem recuado, o que contribui para conter pressões de preços. “No final do ano passado e início deste ano, os riscos associados à trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais foram chave para o cenário prospectivo, entretanto, desde abril esses preços mostram certa acomodação”, acrescenta.

Cenário internacional

A ata da última reunião do Copom considera que houve substancial deterioração do cenário internacional entre julho e agosto, quando foram realizadas reuniões do colegiado.

Segundo o documento, houve “reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos”. “O comitê entende que aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado.”

Para o comitê, o cenário internacional contribui para que haja redução da inflação no Brasil, em cenário de moderação da atividade econômica do país. “O processo de moderação em que se encontra a economia [brasileira] – uma decorrência das ações de política [econômica] implementadas desde o final do ano passado – tende a ser potencializado pela fragilidade da economia global. Dessa forma, o balanço de riscos para a inflação se torna mais favorável.”

Na avaliação do Copom, a transmissão da crise externa para a economia brasileira pode ocorrer por meio de diversos canais, como a “redução da corrente de comércio [exportações e importações], a moderação do fluxo de investimentos, condições de crédito mais restritivas e a piora no sentimento de consumidores e empresários”.

Impactos na economia brasileira

A ata da última reunião do Copom prevê ainda que a atual deterioração do cenário externo deve causar impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do efeito observado durante a crise internacional de 2008 e 2009.

A projeção “supõe que a atual deterioração do cenário internacional seja mais persistente do que a verificada em 2008/2009, porém, menos aguda, sem observância de eventos extremos”.

Nesse cenário alternativo, a atividade econômica doméstica desacelera e, apesar de ocorrer depreciação da taxa de câmbio e a redução da taxa básica de juros, a inflação se posiciona em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o efeito da crise econômica internacional.



Portal CTB

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